A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou um aumento de mais de 15% nas mortes em acidentes com a participação de caminhões no Paraná. De acordo com a PRF, no primeiro semestre de 2024 aconteceram 142 mortes em sinistros com veículos de carga e neste ano o número subiu para 164.
No cenário total de óbitos do semestre, com 302 registros, os números apontam que 54% das mortes ocorreram em acidentes que envolveram pelo menos um caminhão. Apesar do aumento de mortes, houve redução de 5% na quantidade de sinistros, o que demonstra uma maior gravidade nas ocorrências.
A colisão frontal é o tipo de acidente que mais desperta preocupação, pois é responsável por 44% dos óbitos. A “batida de frente” soma a velocidade dos veículos que transitam em sentidos opostos e transfere uma gigantesca carga de energia cinética para os ocupantes dos veículos.
Esse impacto é ainda maior quando envolve veículos pesados e resulta em mais casos de lesões graves e mortes. Nas mortes em colisões frontais, houve aumento de 22%, somando-se 13 óbitos aos 59 registrados em 2024.
Segurança é responsabilidade de todos
Para a PRF, esses números preocupantes não significam que a culpa seja exclusivamente dos caminhoneiros. Apesar de esses profissionais receberem uma parcela maior de responsabilidade na segurança viária, pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), as causas dos acidentes com caminhões são multifatoriais.
“A segurança viária é responsabilidade de todos, inclusive de pedestres, ciclistas e motociclistas. Sendo necessária a adoção de comportamentos defensivos e preventivos”, informa a Polícia Rodoviária Federal.
O superintendente da PRF no estado, Fernando César Oliveira fala sobre a fiscalização. “Quase metade das abordagens feitas diariamente pelos policiais rodoviários federais no Paraná é exatamente de veículos de carga. Foram mais de 70 mil caminhoneiros abordados, de janeiro a junho deste ano. Fato que reflete a preocupação central da PRF com os condutores desse tipo de veículo”.
Foco nos motoristas nas fiscalizações
No próximo dia 19 de setembro, em meio à Semana Nacional do Trânsito, a PRF promoverá em Curitiba o seminário “Motorista profissional: jornada de trabalho e tempo de descanso”. A ação acontece em parceria com trabalhadores e empresas da área de transporte rodoviário, além do apoio do Ministério Público do Trabalho.
“Nosso principal objetivo é melhorar a segurança no trânsito nas rodovias federais do Paraná, a partir da redução dos casos de acidentes envolvendo caminhões e ônibus”, ressalta Oliveira.
A PRF possui ações específicas para a fiscalização de veículos pesados. Dessa forma, busca reduzir fatores que aumentam as chances de sinistros. A Operação Serra Segura, por exemplo, fiscaliza as condições mecânicas dos veículos, com o apoio de mecânicos das concessionárias.
As vistorias analisam aspectos gerais de freios, suspensão e pneus. No âmbito dessa operação especializada, a PRF acaba retendo ou autuando 25% dos veículos e/ou condutores por algum problema mecânico.
No primeiro semestre deste ano, os agentes autuaram 892 condutores de veículos de carga por trafegarem com excesso de peso. O número é ligeiramente maior que o período de comparação do ano passado, quando houve 883 autuações.
O excesso de peso, além de danificar o pavimento e atrapalhar o fluxo do trânsito, sobrecarrega o sistema de freios e suspensão, aumentando o risco de sinistros. Veículos flagrados nessa condição são autuados com multa média (R$ 130,16), mais uma fração por excesso de peso aferido. Além disso, são retidos até a regularização do peso com transbordo para outro veículo.
Perfil das mortes em acidentes com caminhões
A maior parte das mortes em sinistros com participação de caminhões ocorreu em pista simples (65%). Por outro lado, esse o tipo de pista tem menor participação na quantidade de sinistros (48%). O principal tipo de acidente com óbitos foram as colisões frontais (44%), seguido por tombamentos e colisões traseiras — ambos com 10% de participação nas mortes.
A rodovia com maior registro de mortes foi a BR-277, com 37 óbitos. Mesmo sendo a mais extensa do estado, a densidade de mortes por quilômetro também é a maior. A rodovia é seguida pela BR-376 (20% do total) e pela BR-369 (14%). A BR-369 registrou aumento considerável de mortes, saltando 130%, de 10 para 23 óbitos.
A maioria de quem morre nesses sinistros são homens, com idade de 20 a 40 anos. Apenas 33% dos mortos ocupavam os caminhões, os demais ocupavam outros veículos ou eram pedestres.
