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Em Icaraíma, familiares de vítimas de execução pedem celeridade nas investigações

Grupo pediu laudo preliminar e acesso ao processo que apura as mortes
Foto: Obemdito

A advogada Josiane Monteiro, que representa os familiares dos quatro homens assassinados em Icaraíma (PR), está na cidade nesta quarta-feira (5). Ela está acompanhada por Meiriane Marascalchi, esposa de Rafael Juliano Marascalchi, e Fabrícia Affonso, esposa de Diego Henrique Affonso. A visita tem como objetivo cobrar agilidade nas investigações, acesso mais amplo ao processo e a elaboração de um laudo preliminar sobre o caso.

Segundo a advogada, a falta de acesso aos autos tem dificultado o acompanhamento das diligências e atrasado medidas essenciais à defesa dos interesses das famílias.

“Fica difícil realizar diligências sobre o caso sem acesso. Entendemos que um laudo final só será concluído ao fim do processo, entretanto, um laudo preliminar já seria possível”, afirmou Monteiro.

Durante a passagem por Icaraíma, familiares visitaram locais frequentados pelas vítimas e se reuniram com moradores e autoridades locais. A advogada destacou que o pedido formal de acesso e do laudo já foi encaminhado à Polícia Civil e ao Ministério Público.

Meiriane criticou a divulgação do histórico criminal das vítimas feita pela Polícia Civil (PCPR) nesta semana. “Eles [a polícia] fizeram isso porque estamos aqui hoje”, disse, ao afirmar que a medida foi uma forma de desviar a atenção do foco principal, a elucidação das mortes.

Para Fabrícia Affonso, a ida à cidade foi marcada pela dor e pela lembrança do marido. “É muito dolorido estar aqui. É longe, é a primeira vez que venho, e é triste estar na mesma panificadora em que ele tenha tomado café pela última vez”, disse emocionada.

Polícia ainda não tem data para concluir inquérito

A Polícia Civil do Paraná informou que ainda não há data definida para a conclusão das investigações. Segundo o órgão, o volume de dados é grande, o que levou à criação de uma força-tarefa com analistas de dados e agentes do Grupo de Diligências Especiais de Umuarama para dar mais celeridade ao caso.

Mesmo com o reforço, a corporação afirma que a conclusão do inquérito ainda deve demorar alguns meses, devido à complexidade das provas colhidas.

Entenda o caso

As investigações apontam que o crime em Icaraíma teve origem em um conflito comercial envolvendo um sítio de cinco alqueires, avaliado em R$ 750 mil, no distrito de Vila Rica do Ivaí, zona rural do município.

Diferente das versões iniciais, Alencar Gonçalves de Souza Giron, uma das vítimas, não vendeu, mas comprou a propriedade de Antônio Buscariollo, pagando R$ 255 mil à vista. O restante seria financiado via empréstimo bancário, que acabou negado, levando ao distrato do negócio.

O acordo previa que Antônio devolveria o valor pago em dez parcelas de R$ 25 mil, enquanto Alencar abriria mão das benfeitorias feitas no local. As notas promissórias foram emitidas em nome de Carlos Eduardo Cândido Buscariollo, outro filho de Antônio, residente em São Paulo.

Com o atraso nos pagamentos, Alencar contratou Diego Henrique Affonso, de 39 anos, conhecido por atuar em cobranças, para intermediar a devolução do dinheiro. Ele viajou a Icaraíma acompanhado de Rafael Juliano Marascalchi, 43, e Robishley Hirnani de Oliveira, 53, ambos de São José do Rio Preto (SP).

Rafael viajou a contragosto da esposa, Meiriane, que o alertou sobre os riscos. Ele aguardava o nascimento da segunda neta.

O fatídico dia 5 de agosto em Icaraíma

De acordo com a apuração, Antônio chegou a oferecer uma casa na cidade como forma de quitar a dívida, mas a proposta foi recusada. Pouco depois, marcou uma nova reunião em 5 de agosto, em uma propriedade rural.

O encontro terminou em tragédia. A polícia encontrou cápsulas de cinco calibres diferentes, incluindo fuzil e pistola .45, e marcas de tiros em árvores. A principal linha de investigação indica que as quatro vítimas foram mortas no sítio, em plena luz do dia, entre 11h30 e 13h15.

A localização dos corpos aconteceu 45 dias depois, entre a noite de 18 e a madrugada de 19 de setembro, em área rural próxima. As escavações contaram com apoio da prefeitura, e a Polícia Científica concluiu os trabalhos por volta das 5h da manhã.

O caso segue sob investigação e é considerado um dos crimes mais complexos e violentos da história recente do Noroeste do Paraná.

Fonte: Obemdito