Apreensões de medicamentos para emagrecimento e anabolizantes tem se tornado cada vez mais frequente na região de Umuarama e em outras cidades do Paraná. Operações recentes da Polícia Militar, Polícia Civil e Receita Federal revelam uma rede cada vez mais ativa de comércio e distribuição ilegal de substâncias controladas — muitas vezes vindas do Paraguai. O cenário acende um alerta sobre o aumento do consumo de produtos que prometem resultados rápidos, mas oferecem graves riscos à saúde.
Em Umuarama, na noite desta segunda-feira (10), a Polícia Militar apreendeu 12 frascos de Tirzepatida — um medicamentos para emagrecimento e tratamento de casos de diabetes —, em situação irregular durante uma abordagem a um veículo na PR-323. O caso se soma a outro registrado no dia 22 de outubro, quando a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) apreendeu 72 ampolas do mesmo medicamento na BR-272, em Francisco Alves. Nesta última ocasião, o condutor confessou aos agentes que a carga seria entregue em Umuarama.
Já em Paranavaí, um casal foi preso nesta segunda-feira (10) suspeito de comercializar irregularmente medicamentos importados utilizados para fins estéticos, com foco no emagrecimento. No carro em que eles estavam, a polícia encontrou quatro ampolas de medicamento armazenadas em frascos com gelo e 20 seringas descartáveis. Na residência dos suspeitos foram encontradas mais 28 ampolas, totalizando 32 unidades de medicamentos ilegais para emagrecimento.
Mais ao sul, em Curitiba, a Polícia Civil desmantelou, em agosto deste ano, uma associação criminosa que fabricava “canetas emagrecedoras” falsificadas, supostamente com os mesmos princípios ativos de medicamentos como Ozempic e Wegovy. Entre os itens comercializados estavam Toxina Botulínica, que é usada para procedimentos estéticos, como eliminação de rugas; Semaglutida — canetas usadas para tratamento de diabetes e emagrecimento —; enzimas injetáveis; Lipostabil (proibido pela Anvisa); canabidiol; oximetolona e sibutramina sem registro na Anvisa, inclusive com data de validade vencida.

A Anvisa alerta que os medicamentos que contêm substâncias como a semaglutida só podem ser vendidos com receita médica retida e aquisição em farmácias autorizadas. A Anvisa proibiu ainda a manipulação dessas substâncias em farmácias de manipulação e vem reforçando o combate à falsificação. Em comunicado recente, o órgão informou que tem identificado anúncios falsos em redes sociais, com produtos adulterados ou importados de forma irregular.
Anabolizantes
Além dos emagrecedores, anabolizantes também têm sido apreendidos com frequência na região. Em Guaíra, a Receita Federal interceptou caixas de anabolizantes e cosméticos contrabandeados durante uma operação de rotina. Somado aos cigarros, cosméticos e outros materiais apreendidos, a carga foi estimada em R$ 5 milhões pelos policiais. Já em Umuarama, em maio deste ano um homem preso por agredir a companheira foi flagrado com dezenas de ampolas e frascos de anabolizantes em casa.

Outro caso mais receite foi a Operação Off Label, ocorrida em 23 de outubro deste ano e que desmantelou um esquema de distribuição ilegal de anabolizantes após funcionários dos Correios identificarem encomendas de eletrodomésticos e utensílios comportando os medicamentos.

De acordo com a Polícia Civil, muitos desses produtos entram no país por rotas clandestinas de fronteira e são revendidos por empresas de fachada. Além de crime de contrabando e tráfico de drogas, o uso dessas substâncias sem acompanhamento médico pode causar sérios danos ao fígado, rins e coração — além de desequilíbrios hormonais severos, como a alteração permanente da produção de testosterona.
Autoridades de saúde reforçam que tanto medicamentos para emagrecimento quanto anabolizantes não devem ser usados sem prescrição médica. O uso descontrolado dessas substâncias pode causar desde efeitos colaterais digestivos e cardiovasculares até dependência e transtornos psiquiátricos. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná alerta que o apelo por “resultados rápidos” e busca de padrões estéticos inalcançáveis tem levado jovens e adultos a buscar produtos de origem duvidosa, muitas vezes obtidos por meios ilegais.
Em regiões de fronteira, como Guaíra e Foz do Iguaçu, as apreensões de medicamentos, cosméticos e anabolizantes contrabandeados ocorrem com uma certa frequência, e parte desses produtos acaba sendo distribuída para cidades do interior, como Umuarama e Cianorte.
Especialistas lembram que a falsa sensação de segurança proporcionada por produtos vendidos com aparência “profissional” — como as canetas emagrecedoras e ampolas com rótulos estrangeiros — mascara o perigo real de substâncias não testadas e sem controle de qualidade.
A população pode verificar se um produto é regularizado através do número de registro na embalagem ou consultar no site da Anvisa, onde também pode ser feitas denúncias de vendas irregulares. O órgão reforça que medicamentos e anabolizantes só devem ser adquiridos com prescrição e procedência comprovada. Em tempos de promessas fáceis e resultados instantâneos, é importante lembrar que o preço da pressa pode ser caro demais para a saúde.