Sem mostrar o rosto, mas vestindo roupa de guerra e empunhando um fuzil, assim se apresentava a soldado do Comando Vermelho conhecida pelos apelidos “Penélope” e “Japinha”. Uma foto da traficante foi registrada antes da megaoperação do Governo do Rio de Janeiro, que terminou com a execução dela, morta com um tiro de fuzil na cabeça.
Segundo informações de autoridades e relatos de moradores, Japinha atuava na proteção de rotas de fuga e na defesa de pontos estratégicos de venda de drogas, sendo considerada uma figura de confiança dos principais líderes do tráfico.
A morte da traficante ocorreu durante a maior e mais letal operação policial da história do estado, mobilizando 2,5 mil agentes de diferentes corporações, incluindo Polícia Civil, Polícia Militar e unidades especiais. O objetivo era conter o avanço territorial do Comando Vermelho e desarticular sua base logística nos complexos do Alemão e da Penha.
Moradores relataram uma madrugada de terror, com helicópteros sobrevoando as comunidades e blindados abrindo caminho pelos becos e vielas. O barulho de tiros e explosões se estendeu até o amanhecer, principalmente nas regiões da Grota, Fazendinha e Vila Cruzeiro.
Apesar do cerco, parte dos criminosos conseguiu escapar por rotas alternativas. Durante a operação, agentes encontraram túneis e passagens camufladas entre casas e muros, usados para fuga coordenada, lembrando a manobra vista em 2010, durante a histórica invasão ao Alemão.
Operação Contenção
O Rio de Janeiro amanheceu em choque nesta quarta-feira (29). Após a operação mais letal da história do estado, moradores do Complexo da Penha relataram ter encontrado dezenas de corpos na região e levaram pelo menos 64 deles até a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, durante a madrugada.
Com isso, o total de mortos ultrapassa os 100, um dia depois da Operação Contenção, que também envolveu o Complexo do Alemão.
A Operação Contenção, deflagrada na terça-feira (28), mobilizou 2.500 agentes das polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão, na zona Norte da capital fluminense.
A ação foi resultado de mais de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão e enfraquecer o Comando Vermelho (CV).